Chego à Praça, vinda do lado norte e olho as convidativas
cadeiras de verga do Café, dispostas no passeio. É um passeio largo onde
jacarandás centenários, ainda floridos, fazem um dossel sobre os bancos
dispostos aqui e ali, para descanso ocasional de quem passa e se senta para
olhar o mundo, por instantes.
Às vezes entro no Café e vou para o varandim, subindo a
escada de madeira que leva ao andar superior, é uma bela escada, tem qualquer
coisa de hollywoodesco, e lá, se disponível, escolho uma mesa com vista para o
Palácio e para o mar e fico a olhar os passantes, inventando-lhes vidas.
Mas hoje escolho uma mesa no passeio, antes de me sentar
virei o coxim, à procura de qualquer moeda caída no assento, quem sabe não
encontro o euro necessário para o meu café curto.
Mas não havia moeda alguma, nem mesmo o resto de um arco iris.
Apesar do pequeno desapontamento, encomendei o café e fechando os olhos para
melhor saborear o sol, fiquei à espera que mo servissem.