
Quando vi a primeira imagem no écran, pensei que história começaria a seguir,mas não,novas imagens de Paris se seguiram e só depois de terem sido projectadas umas seis (na verdade, não as contei) é que se inicia a história.Começar o filme com uma série de bilhetes postais sobre Paris, não foi uma ideia que me tenha agradado...
A imaginação do Woody Allen nunca me deixa indiferente, ao contrário, surpreende-me. Tendo sempre a sua marca pessoal, imediatamente reconhecível, os seus filmes são sempre bastante diferentes uns dos outros.
Aqui trata-se do tema da insatisfação permanente de que sofre o ser humano, que quase sempre aspira a coisas diferentes das que tem.O protagonista desta história, Gil Spender,é um americano que visita pela segunda vez Paris acompanhado da futura mulher e dos futuros sogros, estes com grandes expectativas relativamente ao futuro promissor que desejam para a filha.
Gil Spender é um aspirante a escritor, que tem na forja um livro quase acabado, mas sobre o qual tem algumas dúvidas quanto ao interesse literário que o mesmo possa ter. Ao deambular, sozinho por Paris, depois de ter estado numa prova de vinhos, vê-se perdido e acaba por sentar-se nos degraus de uma igreja, à espera de que alguém ou alguma coisa o resgate do desamparo em que se encontra.E de facto, esse desejo realiza-se, porque, logo após terem soado as badaladas da meia noite surge na rua estreita e íngreme onde se encontra um carro antigo, um peugeot amarelo, de capota preta. Um dos passageiros desce e convida-o a entrar para juntamente com os outros ocupantes, irem curtir a noite. Na sequência, o protagonista acaba por entrar numa festa, onde toda a gente se diverte e onde conhece um casal, que se apresenta, ele, como sendo Scott Fitzgerald e ela como Zelda, sua mulher.
Numa magia que só acontece depois de terem soado as badaladas da meia noite, é criada uma realidade paralela, onde Gil Spender vive durante a noite. Para esta realidade vão sendo convocadas diversas pessoas como Hemingway, Picasso, Luis Buñuel, Dalí, Cole Porter. Só que em cada noite o tempo vai recuando mais, aparecem outras pessoas, Gauguin, Degas, Modigliani, todas a viverem em realidades que aparecem brilhantes, divertidas e sem problemas, o que faz com que Adriana, a mulher por quem Gil de havia apaixonado na realidade paralela, lhe sugira que fiquem para sempre naquela que ficou conhecida como a idade de ouro. Mas Gil recusa e decide concretizar o seu desejo de ficar a viver em Paris e abraçar de vez a ideia de ser escritor.
Assim termina o filme, com o protagonista de costas voltadas para o espectador, a andar ao longo do Sena, em direção ao futuro.
( a minha visão do filme Meia noite em Paris, de Woody Allen)
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